Trump Media se fundirá com empresa de fusão nuclear: conflitos de interesse se aproximam

A empresa de mídia e tecnologia de Donald Trump, Trump Media & Technology Group (TMTG), deverá se fundir com a TAE Technologies, uma desenvolvedora de energia de fusão nuclear. Esta medida levanta sérias questões éticas, uma vez que coloca o antigo Presidente – e maior accionista da TMTG – directamente num sector fortemente influenciado pelas suas administrações passadas e potencialmente futuras.

O acordo e a aposta de Trump

A fusão, se finalizada, daria a Trump um interesse financeiro significativo numa tecnologia energética de ponta, ainda não comprovada. A energia de fusão ainda está em fase de desenvolvimento, exigindo investimentos maciços e enfrentando obstáculos regulamentares. Isto coloca-o em concorrência directa com empresas de energia estabelecidas, algumas das quais já operam sob o escrutínio de agências que a sua administração controlava anteriormente.

Preocupações regulatórias e influência política

Durante a sua presidência, Trump procurou activamente acelerar as aprovações de novas centrais nucleares e flexibilizar os padrões de segurança relacionados com a exposição à radiação. Os críticos argumentam que esta medida foi concebida para beneficiar a indústria e, ao mesmo tempo, comprometer potencialmente a segurança pública. Agora, com uma participação numa empresa de energia de fusão, Trump poderá lucrar com uma maior desregulamentação ou com decisões políticas favoráveis.

“Ter o presidente e a sua família com uma grande participação numa determinada fonte de energia é muito problemático”, afirma Peter A. Bradford, antigo Comissário Regulador Nuclear. A implicação é clara: os incentivos financeiros poderiam influenciar directamente a supervisão regulamentar.

Padrão mais amplo de negociação própria

Esta fusão segue um padrão em que Trump aproveita a sua influência política para obter ganhos financeiros pessoais. Ele já interveio anteriormente para afrouxar as regulamentações no setor de criptomoedas e assinou recentemente uma ordem executiva que enfraquece o controle estatal sobre a inteligência artificial – ambos os setores em que detém investimentos. A tendência sugere uma disposição de usar o poder executivo para beneficiar seus interesses comerciais.

O fator de demanda de energia

O momento deste acordo também é significativo. A procura de energia está a aumentar, impulsionada por centros de dados que alimentam a inteligência artificial e outras tecnologias. Esta pressão incentiva a administração a acelerar o desenvolvimento nuclear, incluindo a fusão, independentemente da sua maturidade.

A fusão entre a Trump Media e a TAE Technologies não é apenas uma transação comercial; é um exemplo claro de como o poder político pode ser usado para manipular mercados e processos regulatórios. Isto levanta questões fundamentais sobre conflitos de interesses e a integridade de futuras decisões de política energética.